terça-feira, junho 02, 2009

O MSN


Sempre odiei o que a maioria das pessoas fazem com os seus MSN's.

Não estou falando desta vez dos emoticons insuportáveis que transformaram a leitura em um jogo de decodificação, mas as declarações de amor, saudades, empolgação traduzidas através do nick.

O espaço 'nome' foi criado pela Microsoft para que você digite O NOME que lhe foi dado no batismo.
Assim seus amigos aparecem de forma ordenada e você não tem que ficar clicando em cima dos mesmos pra descobrir que 'Vendo Abadá do Chiclete e Ivete' é na verdade Tiago Carvalho, ou 'Ainda te amo Pedro Henrique' é o MSN de Marcela Cordeiro.
Mas a melhor parte da brincadeira é que normalmente o nick diz muito sobre o estado de espírito perfil da pessoa. Portanto, toda vez que você encontrar um nick desses por aí, pare para analisar que você já saberá tudo sobre a pessoa...

'A-M-I-G-A-S o fim de semana foi perfeito!!!' acabou de entrar. Essa com certeza, assim como as amigas piriguetes (perigosas), terminou o namoro e está encalhadona. Uma semana antes estava com o nick 'O fim de semana promete'. Quer mostrar pro ex e pros peguetes (perigosos) que tem vida própria, mas a única coisa que fez no fim de semana foi encher o rabo de Balalaika, Baikal e Velho Barreiro e beijar umas bocas repetidas.

O pior é que você conhece o casal e está no meio desse 'tiroteio', já que o ex dela é também conhecido seu, entra com o nick 'Hoje tem mais balada!', tentando impressionar seus amigos e amigas e as novas presas de sua mira, de que sua vida está mais do que movimentada, além de tentar fazer raiva na ex.

'Polly em NY' acabou de entrar. Essa com certeza quer que todos saibam que ela está em uma viagem bacana. Tanto que em breve colocará uma foto da 5ª Avenida no Orkut com a legenda 'Eu em Nova York'. Por que ninguém bota no Orkut foto de uma viagem feita a Praia-Grande - SP ?

'Quando Deus te desenhou ele tava namorando' acabou de entrar. Essa pessoa provavelmente não tem nenhuma criatividade, gosto musical e interesse por cultura. Só ouve o que está na moda e mais tocada nas paradas de sucesso. Normalmente coloca trechos como 'Diga que valeuuu' ou 'O Asa Arreia' na época do carnaval.

Por que a vida faz isso comigo?' acabou de entrar. Quando essa pessoa entrar bloqueie imediatamente. Está depressiva porque tomou um pé na bunda e irá te chamar pra ficar falando sobre o ex.

'Maria Paula ocupada prá c** ' acabou de entrar. Se está ocupada prá c**, por que entrou cara-pálida? Sempre que vir uma pessoa dessas entrar, puxe papo só pra resenhar; ela não vai resistir à janelinha azul piscando na telinha e vai mandar o trabalho pro espaço. Com certeza.

'Paulão, quero você acima de tudo' acabou de entrar. Se ama compre um apartamento e vá morar com ele. Uma dica: Mulher adora disputar com as amigas. Quanto mais você mostrar que o tal do Paulão é tudo de bom, maiores são as chances de você ter o olho furado pelas sua amigas piriguetes (perigosas).

'Marizinha no banho' acabou de entrar. Essa não consegue mais desgrudar do MSN. Até quando vai beber água troca seu nick para 'Marizinha bebendo água'. Ganhou do pai um laptop pra usar enquanto estiver no banheiro, mas nunca tem coragem de colocar o nick 'Marizinha matriculando o moleque na natação'.

> > > ' < . ººº< . ººº< / @ || e $ $ ! || |-| @ >ªªª . >ªªª >' acabou de entrar. Essa aí acha que seu nome é o Código da Vinci pronto a ser decodificado. Cuidado ao conversar: ela pode dizer 'q vc eh mtu déixxx, q gosta di vc mtuXXX, ti mandá um bjuXX'.

'Galinha que persegue pato morre afogada' acabou de entrar. Essa ai tomou um zig e está doida pra dar uma coça na piriguete que tá dando em cima do seu ex. Quando está de bem com a vida, costuma usar outros nicks-provérbios de Dalai Lama, Lair de Souza e cia.

'VENDO ingressos para a Chopada, Camarote Vivo Festival de Verão, ABADÁ DO EVA, Bonfim Light, bate-volta da vaquejada de Serrinha e LP' acabou de entrar. Essa pessoa está desesperada pra ganhar um dinheiro extra e acha que a janelinha de 200 x 115 pixels que sobe no meu computador é espaço publicitário.

'Me pegue pelos cabelos, sinta meu cheiro, me jogue pelo ar, me leve pro seu banheiro...' acabou de entrar. Sempre usa um provérbio, trecho de música ou nick sedutores. Adora usar trechos de funk ou pagode com duplo sentido. Está há 6 meses sem dar um tapa na macaca e está doida prá arrumar alguém pra fazer o servicinho.

'Danny Bananinha' acabou de entrar. Quer de qualquer jeito emplacar um apelido para si própria, mas todos insistem em lhe chamar de Melecão, sua alcunha de escola. Adora se comparar a celebridades gostosas, botar fotos tiradas por si mesma no espelho com os peitos saindo da blusa rosa. Quer ser famosa. Mas não chegará nem a figurante do Linha Direta.

Bom é isso, se quiserem escrever alguma mensagem, declaração ou qualquer coisa do tipo, tem o campo certo em opções 'digitem uma mensagem pessoal para que seus contatos a vejam' ou melhor, fica bem embaixo do campo do nome!! Vamos facilitar!!!!

domingo, maio 17, 2009

O INÍCIO, O FIM E O MEIO. . .


Mais uma vez a cidade de São Paulo nos brinda com uma festa comparada à sua imensidão, à sua altura mesmo, pois a maior cidade da América latina precisava de algo tão proporcional quanto. Existem muitos méritos da prefeitura de São Paulo sim, mas acho categoricamente que o ilustríssimo prefeito não fez mais do que sua obrigação e ainda devia ter melhorado em muitos quesitos com relação às festas anteriores. Prefeitos melhores virão, sem dúvida. E festas também.

Eu cheguei à Casper Líbero por volta das dez da noite do sábado, dia 02 de maio e me deparei com uma multidão feliz e um show simplesmente fantástico, empolgante.
Dirigi-me ao palco Raul Seixas, na Estação da Luz e não consegui arredar o pé de lá enquanto não anunciassem o final, isso por volta das 18 horas do domingo. O que presenciei foram apresentações maravilhosas, que rememoravam cronologicamente cada álbum do grande mestre, desde 1969, junto dos Panteras, passando por Krig Ha Bandolo, seu primeiro álbum oficial, até 1989 com A Panela do Diabo, ao lado de Marcelo Nova. Vidrado no palco, cantando e vibrando a todas as músicas, me emocionando com algumas apresentações fieis às originais, cada canção foi como o veemente energético que me faria ficar acordado e atento a madrugada toda, suportando o friozinho cortante das quatro da manhã, ao som de Mata Virgem e embrenhar-me dia a dentro até o fim da tarde dominical, com o desfecho de Nuit.
Destaco algumas que me emocionaram de forma especial, como Sessão da 10, Super heróis, Eu quero mesmo, Na Ilha da Fantasia, Segredo da Luz, e mais um bocado.
Raul Seixas foi sem dúvida, um dos maiores músicos que esse país teve a honra de ver-se abrilhantar e todos tivemos a certeza irrefutável que sua música transcende, é grande e indiscutivelmente tem a ver sim com a linha evolutiva da música popular brasileira (mesmo que ele batesse o pé fortemente negando). Ouso dizer até que vai além dela. Por ter atitude, por dizer a verdade de forma direta e inteligente, às vezes mordaz. Por influenciar e trazer uma diversidade perfeita de ritmos, nos abrindo assim um leque de sensações, que vão desde o forró, passando pelo iê iê iê, pelo romantismo e sensibilidade, pelo Rock N´ Roll gritado, conceitual. Por ser Raulseixismo, pioneiro, precursor. Ora místico. Ora irreverente. Despojadamente infantil. Contestador!
Sentimento aflorado. O mestre Dom Raulzito teve sua homenagem mais que merecida; a altura, tanto de sua grandeza, quanto da imensidão de nossa Paulicéia Desvairada, que fez jus de forma primorosa a esse doce brinde inteligentemente à cara da metrópole, com trilha sonoro riquíssima, que a cada ato entusiástico decantava o pai do rock nacional.
Agora, não sei dizer se era Raul quem homenageava a imensidão de São Paulo, ou São Paulo quem homenageava a imensidão de Raul. A sensação era antagonicamente de reciprocidade cósmica. Mesmo que parecesse que não haveria mais lugar, ainda tínhamos a velocidade da luz pra alcançar. E alcançamos!!!

quarta-feira, abril 15, 2009

Existem canções. . . E existe a podridão!


A música tem mesmo o poder de mexer com as emoções e lapidar os sentimentos, fazendo uma retrospectiva à memória e congelando momentos especiais, pra depois os trazer em qualquer que seja a hora. Basta colocar a trilha sonora específica para que a magia aconteça e determinada pessoa que há tempos não se vê, surja e remonte aquela época especial, aquela frase especial, memorável, divinal. Tornou-se há séculos um instrumento realmente maravilhoso, responsável por inúmeras sensações diversas que despertam nas pessoas saudade, amor, melancolia, até ódio. É inegável sua influência na mente e no nosso dia-a-dia.
Uns afirmam que a linha rítmica é responsável para que fique incutida no subconsciente do homem. Outros dizem que a melodia aguça os sentidos, os deixando facilmente vulneráveis a sua influência. Eu ainda prezo pelos versos. Desde criança fico analisando a letra, tentando interpreta-la ou encaixando-a em determinado momento do dia ou em algo que aconteça em meu viver, ou simplesmente admirando a graça e coerência. O meu fascínio é pessoalmente sempre tendente à letra. A beleza da poesia me chama um pouco mais atenção que, junto com uma bela melodia, fica realmente celestial. Combinações perfeitas, tais como Vieste, de Ivan Lins, ou Encontros e Despedidas, de Milton, na roupagem espetacular de Maria Rita; Memória da pele, de João Bosco, Até pensei, de Chico e Nana Caymi. Djavan, Bethânia, Gonzaguinha, Gal, Elis. etc.
Nos seus decursos, a música obviamente sofreu, sofre e sofrerá alterações e modificações, modernizações e novas adequações de público e assim surgirão novos conceitos musicais que atenderão ao expectador jovem, remanescente e moderno.
Contemporaneamente, a música passou por uma mutação drástica, como assim devia ser, e eu ainda acreditaria veementemente que essas alterações fossem aperfeiçoamentos, transcendência, ou mesmo aprimoramentos. Ou talvez cópias do que já existe, pois não?! Terminantemente não é o que acontece.
O que acontece na verdade é uma degradação total e misturas descabidas de pornografia com um ritmo, um barulho, um sei-lá-o-que pobre e sem sentido algum, ferindo valores morais que são a essência de um viver sadio. O problema nem é esse propriamente dito, visto que vivemos num país livre, onde qualquer um pode falar o que quiser e a liberdade de expressão seja talvez a maior conquista de nós, brasileiros. O problema é a ascensão, a popularidade, o sucesso que tais depreciações culturais vêm atingindo na TV, rádio e internet. É o que chamo de agressão, de falta de respeito, de crime.
Ainda não consegui criar nenhuma compreensão que explique a aceitação do público, que compra essa porcaria e a faz crescer tanto assim principalmente entre os jovens. Talvez a batida forte? O ritmo funk? A sujeira incitada em suas letras escabrosas e horrorosas? Não acredito que alguém ouça algo de tão improdutivo e retrocesso, ferino a qualquer cérebro, e ainda assim assine em baixo, declare a própria imoralidade, comprando ou executando sem o mínimo de vergonha em ouvir a quantidade de bobagens e palavras escabrosas, que incitam o sexo e detalham posições sexuais, cantados também, pasmem, por mulheres que querem “ir sentando”, as denominadas “cachorras e piranhas ou putas”. Não acredito também que seja tamanha falta de cultura na periferia ou dentre o público adolescente, que é imaturo e não sabe ainda destingir o que é bom do que é horrível. Só tendo um distúrbio irreversível, demência mental alienadora. Não pode ser!!!
Essas músicas ferem o básico, do básico, do básico em se tratando de postura, de dignidade, de respeito a si e ao próximo. Não tem nada a ver com falta de cultura. É burrice violenta. Violência burra. É muito mais sério do que me parece. É realmente uma delinqüência que deveria ser punida, pois além de ferir a moral e os bons costumes (e os ouvidos de muita gente respeitosa), faz com que haja uma espécie de depreciação do caráter, além de pessimamente influenciar nossas meninas que, de forma precoce despertam para o sexo e, conseqüentemente tornam-se mães solteiras aos treze ou quatorze anos.
E vou além com a seguinte questão: Como combater a pedofilia, se alguns meios de comunicação incitam esse tipo de influencia em nossas crianças desde cedo? Como acabar com a pedofilia na internet, se do próprio youtube nossas crianças adicionam vídeos no orkut que incitam o sexo e a pornografia deliberadamente? . É um contra-senso. Uma idiotia completa.
O não limite fez com que chegássemos ao caos da falta de vergonha e da inversão de valores que estão destruindo (sem eufemismos) a mente dos jovens tão nocivamente quanto a droga.
Existia uma linha tênue entre o humor (cito como exemplo os Mamonas Assassinas que elaboravam inteligentemente letras com piadas coerentes e músicas que até a linha melódica e rítmica foram compostas com pitadas de irreverência) e a sordidez de músicas imundas (por força de expressão, pois não considero isso como sendo música), mas essa linha foi arrancada e será arrancada enquanto não despertarmos para o bom senso de jogarmos no lixo toda essa porcariada, comprando e oferecendo a nossos jovens em nossas festas de aniversário, churrascos na laje e baladas na escola o que enaltece o ser humano e representa a beleza e o otimismo de um povo que – como quimericamente Milton descreveu – ainda olha com pudor e ainda vive com pudor.

quinta-feira, abril 09, 2009

Verbo ser + solteiro = Felicidade

Quero antes de tudo dar os parabéns a uma amiga minha pelo texto redigido em seu blog e em resposta ressaltar que a opção de estar solteiro é sem sombra de dúvidas um estilo de vida cômodo e confortável, na qual temos a livre escolha de estarmos como quisermos sem nenhum tipo de satisfação a dar a ninguém. Na verdade, os parabéns seriam muito mais por conta da coragem por, além de se assumir solteira, levantar e defender essa “bandeira” com vontade e afinco. Não muito pelo texto morfologicamente analisado, visto que o mesmo apresenta defectivelmente uma ortografia um tanto defeituosa e erros de coesão não comuns numa professora. Passar-se-á despercebidamente talvez pela temática interessante, mas são falhas que precisam ser corrigidas futuramente, já que é um texto que reflete um pensamento interessante, de bom gosto e, além disso, ficará exposto para quem quiser ler.
Verdadeiramente acredito que esse ‘estar só’ tem pontos positivos que além de ir adiante do lado negativo, dá a tranqüilidade de poder optar por um leque de caminhos, nos levando a poder fazer várias escolhas. Além disso, nos dá também a possibilidade de analisar esse estado e tentar fazer a escolha com embasamento racional. Essa frieza é fundamental para que tenhamos todo o desdobramento necessário para possivelmente não errar, olhando o relacionamento complexo entre duas pessoas como uma forma construtiva de se viver, levando em consideração todos os pontos em comum e convergente, não deixando também de analisar as divergências, sendo tudo isso o cerne do mesmo. Não aceito que se viva com outra pessoa que não há soma, que não traz nada construtivo ou cooperativo para enaltecer o viver de ambos.
Preciso lembrar que o namoro em si serve antes de qualquer coisa, para fazer esse tipo de análise e perceber ao longo do tempo (pois é a única forma para que se haja uma percepção quase certa sobre uma personalidade) se há pontos em comum entre ambos. No entanto, o tempo também faz com que aprendamos a abreviar algumas tentativas de interação que no passado não obtiveram o sucesso esperado. Em outras palavras, os sentidos vão ficando mais aguçados para se perceber de pronto se existe possibilidade viável de um relacionamento satisfatório ou não. A percepção hoje tende a ir além do que quando tínhamos catorze ou quinze anos. Atualmente, com vinte e seis anos já é pra se ter noção maior se determinada garota serve ou não serve para determinado indivíduo, verificando se há identificação: é boa pessoa? Tem um diálogo que combina com o meu? É responsável? Respeita a si e ao próximo? Etc. . .
Um relacionamento é algo importante tanto quanto o toque, o beijo e os sentimentos e banaliza-los como vem acontecendo com a grande quantidade dos jovens atualmente, traz um desvirtuamento promíscuo do caráter, além de soterrar o que chamo de princípios e valores morais que são a essência dum viver sadio, sem desassossegos grandes e conseqüentemente um relacionamento sem traumas, respeitável e duradouro. Visão moralista? Talvez, se levarmos em consideração essa total balburdia e inversão de valores em que a juventude transviada vem levando suas vidas, como se falar palavrão fizesse parte do vocabulário regional adolescente, sem se importar com respeito a si e aos outros. Posso ditar como exemplo as formas de cultura levianas e perversivas da atual mocidade, como suas músicas estúpidas com letras escabrosas, incitando o sexo desregrado e a depreciação à moral feminina, com palavras de baixo calão e detalhamento de posições sexuais preferidas pelos (as) mesmos, enfim.
O meu ‘viver solteiro’ me revelou ao longo de um determinado período (três anos não espontâneos) que não há nada mais prazeroso e tranqüilo do que estar sozinho, sem amarras, sem tormentos, preocupações ou decepções várias. Isso não tem nada a ver com medo. Talvez cautela, sendo que a própria vida já anda uma demasiada confusão e alguém para desassossegá-la mais ainda é fardo imodicamente pesado e desnecessário. A própria convivência desgastante, característica de qualquer relacionamento já nos leva a repensar o relacionamento em si e dicernir se há sentimento suficiente que possa ir além de amolações futuras ou não.
Acredito veementemente que, no mínimo, precisa-se antes de qualquer coisa, haver sincronismo entre duas pessoas. Simplesmente namorar para não ficar sozinho é tolice, pois com foi mencionado no próprio texto, a partir do momento que se aceita que a felicidade é um estado de espírito, que vem do próprio indivíduo bem consigo próprio, aceitando a vida como ela é e fazendo o possível para viver sempre melhor, ela não haverá condicionamento a nenhum ser humano, bicho ou valor material, não se preocupando também com o fato de que é feio perante a sociedade, vão achar que fulano é bicha, que tem problemas diversos ou que a solidão machuca. Solidão tanto quanto felicidade e paz são, insisto, estados de espíritos subjetivamente íntimos, cultivados interiormente.
Felicidade conjuga-se a partir do verbo ser. Está longe do materialismo universal do verbo ter, principalmente se isso se atribuir ter alguém pra atormentar a paciência, quando se quer simplesmente estar só, tranqüilo e quieto.

domingo, novembro 04, 2007

REDESCOBRIR



Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia
Como um animal que sabe da floresta, perigosa
Redescobrir o sal que está na própria pele, macia
Redescobrir o doce no lamber das línguas, macias
Redescobrir o gosto e o sabor da festa, magia
Vai o bicho homem fruto da semente, memória
Renascer da prórpria força, própria luz e fé, memória
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós, história
Somos a semente, ato, mente e voz, magia
Não tenha medo, meu menino bobo, memória
Tudo principia na própria pessoa, beleza
Vai como a criança que não teme o tempo, mistério
Amor se fazer é tão prazer que é como se fosse dor, magia
Como se fora brincadeira de roda, memória
Jogo do trabalho na dança das mãos, macias
O suor dos corpos na canção da vida, história
O suor da vida no calor de irmãos, magia...

domingo, outubro 28, 2007

o mestre Alberto Caeiro...



Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

domingo, março 12, 2006

"O erro nada tem de estranho. É o primeiro estado de todo o conhecimento."

Erros, enganos, miragens, lorotas, asneiras, mal-entendidos, qüiproquós, disparates, contra-sensos, inexatidões, desvarios, falsidades, despropósitos, imperícias, ratas, balbucios, desvios, absurdos, engodos, quimeras, ilusões, alucinações, cegueiras, visagens, chacotas, patranhas, extravagâncias, trapalhadas...

Todas essas palavras são, em princípio, o contrário dos fatos, da ciência.

É claro que os pesquisadores se enganam às vezes. Mas a história e o ensino das ciências nunca deram muita importância a isso. Nos livros didáticos estão expostos os resultados, não a maneira como foram obtidos. Nos relatos históricos fala-se dos sucessos, das conquistas dos gênios a serem mostrados como exemplo. Quantos ao erro, esse subproduto nauseabundo, não se toca nele, ou então só toca bem de longe.

Aqui nós estamos em terreno delicado, escorregadio, sem visibilidade, repleto te águas turvas, de areias movediças, de armadilhas terríveis: os erros de nossos dias.

No momento em que escrevo, muitos erros estão sendo cometidos. É fatal, é obrigatório, inevitável e necessário a própria existência da ciência.

Você tem medo de errar? Todo mundo tem. Homens, mulheres, presidentes, governos inteiros. O que aconteceria se, cada vez que cometêssemos um erro, desistíssemos de tudo? Se, logo na primeira tentativa fracassada, entregássemos os pontos?

Imagine um bebê que mal consegue pôr-se de pé e já torna a cair. Que seria dele se, diante desse primeiro erro, concluísse: “É, não deu certo. Deve haver algum outro modo... Essa minha idéia não foi boa?”.

Imagine na escola, um aluno que desistisse de tudo, mal erra o primeiro problema de matemática de sua vida. Não conseguirá sequer acertar o troco no supermercado. E, daí, milhões de pequenas coisas que nunca mais poderá fazer.

Errar é uma etapa essencial no processo de crescer e cada vez que desistimos de alguma coisa, por medo de errar, estamos nos privando de algum – ou de muitos! – dos prazeres de crescer e de viver.

Evidentemente, seria possível raciocinar pelo absurdo: Se é errando que se aprende, quanto mais erros melhor: aprendemos mais. Não é isso!!!
O que estou dizendo – sem medo de errar! – é que usar o risco de cometer erros como pretexto para não lutar pelo que se deseja é ignorância, pura e simples.

Os erros que cometemos ao longo da vida são parte essencial de nossa educação. A cada queda, é preciso sacudir a poeira e dar a volta por cima. Tudo o que sabemos, hoje, aprendemos com os erros do passado, com gerações e gerações de gênios que erraram muito, até acertar.

Valorizemos nossos erros, um por um, e todos os que cometemos, e aprendamos a ver, nos erros que ainda haveremos de cometer, a nossa chance de descobrir algo de novo.

Erremos, mas por tentar!