Erros, enganos, miragens, lorotas, asneiras, mal-entendidos, qüiproquós, disparates, contra-sensos, inexatidões, desvarios, falsidades, despropósitos, imperícias, ratas, balbucios, desvios, absurdos, engodos, quimeras, ilusões, alucinações, cegueiras, visagens, chacotas, patranhas, extravagâncias, trapalhadas...
Todas essas palavras são, em princípio, o contrário dos fatos, da ciência.
É claro que os pesquisadores se enganam às vezes. Mas a história e o ensino das ciências nunca deram muita importância a isso. Nos livros didáticos estão expostos os resultados, não a maneira como foram obtidos. Nos relatos históricos fala-se dos sucessos, das conquistas dos gênios a serem mostrados como exemplo. Quantos ao erro, esse subproduto nauseabundo, não se toca nele, ou então só toca bem de longe.
Aqui nós estamos em terreno delicado, escorregadio, sem visibilidade, repleto te águas turvas, de areias movediças, de armadilhas terríveis: os erros de nossos dias.
No momento em que escrevo, muitos erros estão sendo cometidos. É fatal, é obrigatório, inevitável e necessário a própria existência da ciência.
Você tem medo de errar? Todo mundo tem. Homens, mulheres, presidentes, governos inteiros. O que aconteceria se, cada vez que cometêssemos um erro, desistíssemos de tudo? Se, logo na primeira tentativa fracassada, entregássemos os pontos?
Imagine um bebê que mal consegue pôr-se de pé e já torna a cair. Que seria dele se, diante desse primeiro erro, concluísse: “É, não deu certo. Deve haver algum outro modo... Essa minha idéia não foi boa?”.
Imagine na escola, um aluno que desistisse de tudo, mal erra o primeiro problema de matemática de sua vida. Não conseguirá sequer acertar o troco no supermercado. E, daí, milhões de pequenas coisas que nunca mais poderá fazer.
Errar é uma etapa essencial no processo de crescer e cada vez que desistimos de alguma coisa, por medo de errar, estamos nos privando de algum – ou de muitos! – dos prazeres de crescer e de viver.
Evidentemente, seria possível raciocinar pelo absurdo: Se é errando que se aprende, quanto mais erros melhor: aprendemos mais. Não é isso!!!
O que estou dizendo – sem medo de errar! – é que usar o risco de cometer erros como pretexto para não lutar pelo que se deseja é ignorância, pura e simples.
Os erros que cometemos ao longo da vida são parte essencial de nossa educação. A cada queda, é preciso sacudir a poeira e dar a volta por cima. Tudo o que sabemos, hoje, aprendemos com os erros do passado, com gerações e gerações de gênios que erraram muito, até acertar.
Valorizemos nossos erros, um por um, e todos os que cometemos, e aprendamos a ver, nos erros que ainda haveremos de cometer, a nossa chance de descobrir algo de novo.
Erremos, mas por tentar!
domingo, março 12, 2006
terça-feira, fevereiro 28, 2006
Acordar, Viver...
Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
Àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?
Ninguém responde... A vida é pétrea!
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