domingo, outubro 02, 2005

As vitrines

Eu te vejo sair por aí
Te avisei que a cidade era um vão.
- Dá tua mão!
- Olha pra mim!
- Não faz assim!
- Não vai lá não!
Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir

Já te vejo brincando, gostando de ser
Tua sombra a se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar Na galeria
Cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
Que entornas no chão.

Um breve comentário a respeito de Chico

Compositor, intérprete, poeta e escritor, Chico Buarque é hoje uma referência obrigatória em qualquer citação à música brasileira. Sua influência é decisiva em praticamente tudo que aconteceu musicalmente no Brasil nos últimos 35 anos, pelo requinte melódico, harmônico e poético que suas obras apresentam. Filho do historiador Sergio Buarque de Hollanda, morou em São Paulo, Rio e Roma durante a infância. Desde criança teve contato em casa com grande personalidades da cultura brasileira, como Vinicius de Moraes (que viria a se tornar seu parceiro), Baden Powell e Oscar Castro Neves, amigos dos pais ou da irmã mais velha, Miúcha, também cantora e violonista. Em 1964 começou a se apresentar em shows de colégios e festivais e no ano seguinte gravou pela RGE o primeiro compacto, com "Pedro Pedreiro" e "Sonho de um Carnaval". Desde então não parou mais de compor e se apresentar, participando de festivais internacionais de música, atuando no programa O Fino da Bossa, da TV Record. Ainda em 65, musicou o poema "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, que fez enorme sucesso no Brasil e na França, para onde excursionou, arrancando elogios até mesmo do poeta João Cabral, que admite só ter autorizado a utilização do poema por amizade ao pai de Chico. Com o Festival de Record de 1966 tornou-se conhecido no Brasil inteiro por sua música "A Banda", interpretada por Nara Leão, que conseguiu o primeiro lugar (empatada com "Disparada", de Geraldo Vandré e Theo de Barros). Sua participação em festivais foi definitiva para a consolidação de sua carreira. Fez sucesso com "Roda Viva", "Carolina" e "Sabiá", e defendeu ele mesmo suas músicas "Benvinda" e "Bom Tempo". Lançou LPs no fim da década de 60, fazendo shows na França e Itália, onde morou por aproximadamente um ano. De volta ao Brasil, fez música para cinema e gravou um de seus discos mais bem-sucedidos, "Construção". Várias de suas composições e peças de teatro tiveram problemas com a censura na época da ditadura militar, e chegou a usar o pseudônimo Julinho de Adelaide para assinar algumas de suas músicas, como "Acorda, Amor". No teatro, escreveu "Gota D'Água" com Paulo Pontes, e a "Ópera do Malandro". Como escritor, lançou em 1991 o romance "Estorvo" e, quatro anos depois, "Benjamin". Depois disso voltou a dedicar-se à música, lançando "Paratodos" em 1993 e "as cidades" em 1999, ambos com amplas turnês pelo Brasil e exterior. Em 1998 foi enredo da Mangueira, que ganhou o desfile daquele ano. Em 2003, lança sua obra prima, Budapeste, obra esta que consolida Chico definitivamente como mestre no caminho das letras.

domingo, setembro 25, 2005

Uma Coisa

Eu já estou cansado de descobrir as coisas e meus vinte e dois anos representam a própria eternidade diante da vida. A fossa existencial é uma constante, e não há alternativa de fuga, pois os momentos são momentos e a felicidade - já está claro - não existe em tempo eterno!! Há um tempo para o peixe e um tempo para o pássaro, já disse o poeta baseado em dizeres de filósofos antigos, mas a verdade é a verdade e está colada à minha retina exausta. Há um momento feliz e um infeliz. A partir do instante em que a fase feliz entra em minha vida, eu já vivo à espera do próximo instante desagradável e fico imaginando como virá, oriundo de quê? Da vida sim, mas sob que forma? Enfim, uma série de imagens antes do fato em si. Aí permaneço no momento feliz tendo o conhecimento profundo de que este momento feliz não deve ser vivido com a felicidade que dele exala. Não há como um cérebro , que jamais deixa de examinar todos os instantes que advirão, se deixar levar por um ínfimo instante de felicidade, quando os problemas não foram solucionados em suas bases. Aí eu penso: como viver o momento presente se o futuro não me deixa seguir sossegado? Bem que eu gostaria de não saber de nada, de não entender as coisas tão profundamente ao ponto de fazer uma energia nociva ao meu mundo já agitado por si só! Mas, na verdade, eu gosto de saber das coisas por antecipação, mas este saber antecipado me cansa, me deixa prostrado diante das portas fechadas que eu já sabia que não iriam se abrir pra mim!! Minha existência caminha muitos anos à frente do meu corpo, e é justamente meu corpo frágil, magro, esquálido e desprovido de reservas de energia que tem que suportar as demandas da mente atribulada, terrivelmente neurotizada pela civilização.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Segue o teu destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode Dizer-te.
A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.
Ricardo Reis

sábado, setembro 10, 2005

A Mágica da Poesia


Um certo estado de alma, um sentimento particular, pode apossar-se de um poeta e impor-lhe, por assim dizer, a expressão e a representação, numa forma minuciosa ou resumida, de sentimentos que se referem a circunstâncias e eventos exteriores: festas, vitórias, etc. O exemplo mais típico deste gênero é dado pelas Odes de Píndaro que são, no sentido mais autêntico da palavra, poesias de circunstância. Goethe, por sua vez, utilizou muitas situações deste gênero e até se pode, alargando o quadro, considerar Werther como um poema de circunstância.
Ao escrever Os Sofrimentos do Jovem Werther, Goethe produziu uma obra de arte a que deu, como conteúdo, as suas próprias aflições e seus tormentos, os seus próprios estados de alma, procedendo como todo poeta lírico que, ao procurar aliviar o coração, exprime aquilo de que é afetado enquanto sujeito. Graças a isso, o que era interior imobilidade acha-se livre e transforma-se num objeto exterior de que a pessoa se libertou. Do mesmo modo as lágrimas servem de derivativo à dor do que, por assim dizer, se esvai através delas. Como ele mesmo o disse, Goethe escreveu o Werther para se libertar da angústia íntima, e conseguiu-o.
Em tais situações líricas, pode refletir-se, por um lado, um estado objetivo, uma atividade referenciada ao mundo exterior, e, por outro lado, um estado da alma que, desligando-se de tudo o que é exterior, regressa a si mesma e torna-se o ponto de partida de estados internos e de sentimentos profundos

sábado, agosto 27, 2005

ANIVERSÁRIO

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!... (Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .

Pára, meu coração!
Não penses!
Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

sexta-feira, agosto 19, 2005

Ah. Não Tive Tempo!

Essa é uma desculpa que tenho usado freqüentemente. Amigos, perdão!
O fato é que ninguém tem mais – nem menos – tempo do que nós. Cada pessoa tem direito a 24 horas por dia, 168 por semana. Todos temos em cada dia a mesma quantidade de tempo que os demais. Eis um paradoxo: ninguém tem tempo suficiente; cada um tem todo o tempo que existe. Pense, porém na qualidade de seu tempo e investimento!Todavia, apesar de sua reconhecida preciosidade e vasto potencial, não há nada que desperdicemos tão impensadamente como o tempo. Foi o sábio escritor Walter Scott quem escreveu:
“Você ama a vida?
Não desperdice então o tempo
Pois é nele que se compõe a vida”.
Ele se estende na primeira semana de férias e se contrai na segunda. Passa mais devagar para o paciente do que para o ortopedista. Passa mais devagar para a classe do que para o professor. Mas, será que o tempo passa mesmo? Não sei, acho que não é ele que passa, somos nós. O tempo está parado. O único tempo que temos é agora. Esta é a qualidade existencial do tempo. Então. . . Vamos aproveitar cada milésimo do nosso dia. . .Sem crise pô!

quarta-feira, agosto 10, 2005


Auguste Rodin – O Pensador

O pensador simboliza o homem despertando para seu potencial infinito, e sugere que não existem barreiras, que a imaginação é ilimitada e inesgotável. Ele nos desafia a nos libertarmos e voarmos nas asas do pensamento, pois é através da imaginação que poderemos chegar às estrelas e contatar o infinito.
Nossa mente é capaz de armazenar fatos, transformar informações, guardar pessoas especiais pra sempre. É o mais complexo (e completo) computador que comanda o universo. É isso mesmo. O universo é comandado por nós, pela força estrondosa de nosso pensamento. E vou além. “Mente sã, mundo são”.
O pensador parece dizer: “Abra caminhos para a imaginação”. O que é isso? Boa música, bons livros, bons amigos. . .Que são indiscutivelmente os combustíveis necessários para uma mente sadia, produtiva.
A imaginação é infinita. Vamos libertá-la então do derrotismo, do ócio e do egoísmo, confiando na viabilidade do impossível, acreditando nessa força esplendida que move nosso mundo.

domingo, agosto 07, 2005

Elis Maravilhosa.

Lá se vão vinte e três anos que uma das vozes mais marcantes da música brasileira nos deixou. Mais tempo do que ela passou, enquanto viva, encantando nossos ouvidos. Elis era uma verdadeira intérprete. Nem é preciso assistir sua imagem e toda a expressão corporal exibida em seus memoráveis shows. Escutar sua voz cantando é suficiente para sentir toda a intensidade da letra de uma música. Já foi dito que Elis foi o melhor instrumento que alguns compositores contemporâneos tiveram. Vale lembrar interpretações como Canção do Sal, de Milton Nascimento; Cartomante, de Ivan Lins (a minha preferida); O Bêbado e o Equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc; Romaria, de Renato Teixeira; Louvação, de Gilberto Gil; Upa Neguinho, de Edu Lobo, Atrás da Porta, de Chico Buarque e Águas de Março, de Tom Jobim, dentre muitas outras.Elis Regina nasceu no dia 17 de março de 1945. Conheceu o sucesso aos vinte anos quando, em 1965, ganhou o I Festival de Música Popular Brasileira, na extinta TV Excelsior. O fino da bossa, programa de TV que ganhou ao lado de Jair Rodrigues foi outro grande passo.Morreu no dia 19 de janeiro de 1982, aos 36 anos, de parada cardíaca, motivada pela ingestão de doses de uísque com cocaína.

sábado, agosto 06, 2005

Essa música é do Ivan Lins, mas eu adoro ouvir a Elis cantando:

CARTOMANTE
Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja
Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Haja o que houver pense nos seus filhos.
Não ande nos bares, esqueça os amigos!
Não pare nas praças, não corra perigo
Não fale do medo que temos da vida
Não ponha o dedo na nossa ferida.

Nos dias de hoje não lhes dê motivo
Porque na verdade eu te quero vivo
Tenha paciência, Deus está contigo
Deus está conosco até o pescoço
Já está escrito, já está previsto
Por todas as videntes, pelas cartomantes
Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
No jogo dos búzios e nas profecias.

Cai o rei de Espadas
Cai o rei de Ouros
Cai o rei de Paus
Cai, não fica nada...

ESCRAVOS DE NINGUÉM.


Eu vejo a música como forma fiel de materializacao dum pensamento, dum sentimento. Ela tem o poder mágico de tocar e sensibilizar, mexer com as emoções, lapidar o sentimento. Por isso a LEGIÃO é minha influência fortíssima. Porque traz enraizado em suas letras, em sua música, esse poder mágico: tudo o que o jovem, tudo o que o ser humano precisa saber para despertar para um novo mundo. Coisas do tipo "Amar as pessoas como se não houvesse amanhã", "Disciplina e liberdade e compaixão e fortaleza", "Quem dera que o mais simples fosse visto como o mais importante","se você quiser alguem em quem confiar, confie em si mesmo, quem acredita sempre alcança", devem servir de influência tambem para a galera roqueira desta geração, como servem a mim até hoje, porque e isso que o Rock deve ser: Amizade, liberdade consciente, Humildade, Amor. . .

sexta-feira, agosto 05, 2005

Corre. . .

Ando em crise, numa boa, nada de grave. Mas, ando em crise com o tempo.
Que estranho "presente" é este que vivemos hoje, correndo sempre por nada, como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a vida, como se nossos músculos, ossos e sangue estivessem correndo atrás de um tempo mais rápido.
As utopias liberais do século 20 diziam que teríamos mais ócio, mais paz com a tecnologia. Acontece que a tecnologia não está aí para distribuir sossego, mas para incrementar competição e produtividade, não só das empresas, mas a produtividade dos humanos, dos corpos. Tudo sugere velocidade, urgência, nossa vida está sempre aquém de alguma tarefa. A tecnologia nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas, fábricas vivas, chips, pílulas para tudo.
Temos de funcionar, não de viver. Por que tudo tão rápido? Para chegar aonde? A este mundo ridículo que nos oferecem, para morrermos na busca da ilusão narcisista de que vivemos para gozar sem parar? Mas gozar como? Nossa vida é uma ejaculação precoce. Estamos todos gozando sem fruição, um gozo sem prazer, quantitativo. Antes, tínhamos passado e futuro; agora, tudo é um "enorme presente". E este "enorme presente" é reproduzido com perfeição técnica cada vez maior, nos fazendo boiar num tempo parado, mas incessante, num futuro que "não pára de não chegar".
Antes, tínhamos os velhos filmes em preto-e-branco, fora de foco, as fotos amareladas, que nos davam a sensação de que o passado era precário e o futuro seria luminoso. Nada. Nunca estaremos no futuro. E, sem o sentido da passagem dos dias, da sucessibilidade de momentos, de começo e fim, ficamos também sem presente, vamos perdendo a noção de nosso desejo, que fica sem sossego, sem noite e sem dia. Estamos cada vez mais em trânsito, como carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa, e cada vez mais nossa identidade vai sendo programada. O tempo é uma invenção da produção. Não há tempo para os bichos. Se quisermos manhã, dia e noite, temos de ir morar no mato.
Já que estamos aqui sem futuro, vivendo uma ansiedade individualista medíocre, um narcisismo brega que nos assola na moda, no amor, no sexo, nessa fome de aparecer para existir, nos contentamos com esse atraso que cria a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo.
Mas ser subdesenvolvido não é "não ter futuro"; é nunca estar no presente.

terça-feira, agosto 02, 2005

Poema em Linha Reta. . .


Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo. Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma covardia! Não, são todos o Ideal, se os ouço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó principes, meus irmãos, Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Um breve comentário sobre a TV.

A TV é a grande fábrica de idiotia. Romances fictícios, programas sensacionalistas, filmes pornográficos, as mais sujas baixaria, ênfase à violência. . . Realmente, quem não tem outra opção de entretenimento e acesso à cultura e informação, acaba caindo de cabeça nessa cultura inútil e nociva que compõe o quadro televisivo, absorvendo-a como se fossem essenciais ao dia-a-dia, deixando-se influenciar, pelas bobagens da TV.
Duas perguntas giram em torno desse assunto. O povo realmente compra essa programação ou essa programação é enfiada na cabeça das pessoas?
Sabemos que as exigências do trabalho, e o dia-a-dia das grandes metrópoles pedem uma forma mais dinâmica e abreviada de mantermo-nos informados. Acontece que nem sempre essa busca é satisfatória. Os meios de comunicação em massa transmitem as informações de forma rápida e de fácil acesso, e acabamos tendo-os como única opção.
Daí o excesso de baixarias, apresentadores estúpidos que falam o que quer, mulheres nuas, brigas de casais ao vivo, pessoas sendo feitas de palhaças no centro de São Paulo, músicas sem o menor conteúdo e as mais torpes confusões entram em nossa casa facilmente, infectando e reduzindo a zero a mente do povo. Tipo: “pedala Robinho”, as famigeradas “Pegadinhas do João Kleber”, a grande “Festa do AP”, Programa do Ratinho (que, não tem comentário, é muito tosco), Cidade Alerta (programa em que o apresentador parece estar brigando com o telespectador) e outras que não lembro.
Cabe aos telespectadores ter consciência do que realmente precisamos absorver e selecionar melhores programas e telejornais, buscando atingir um nível satisfatório de qualidade. Se todos soubessem escolher e fazer a peneira, não dando audiência ao que é ruim, o lixo televisivo (Ratinho, Cidade Alerta, Tarde Quente,. sei lá) passaria a não invadir as casas e as mentes da população que, não tendo muita opção de entretenimento, acabam, por fim, ligando a porcaria da TV.