domingo, maio 17, 2009

O INÍCIO, O FIM E O MEIO. . .


Mais uma vez a cidade de São Paulo nos brinda com uma festa comparada à sua imensidão, à sua altura mesmo, pois a maior cidade da América latina precisava de algo tão proporcional quanto. Existem muitos méritos da prefeitura de São Paulo sim, mas acho categoricamente que o ilustríssimo prefeito não fez mais do que sua obrigação e ainda devia ter melhorado em muitos quesitos com relação às festas anteriores. Prefeitos melhores virão, sem dúvida. E festas também.

Eu cheguei à Casper Líbero por volta das dez da noite do sábado, dia 02 de maio e me deparei com uma multidão feliz e um show simplesmente fantástico, empolgante.
Dirigi-me ao palco Raul Seixas, na Estação da Luz e não consegui arredar o pé de lá enquanto não anunciassem o final, isso por volta das 18 horas do domingo. O que presenciei foram apresentações maravilhosas, que rememoravam cronologicamente cada álbum do grande mestre, desde 1969, junto dos Panteras, passando por Krig Ha Bandolo, seu primeiro álbum oficial, até 1989 com A Panela do Diabo, ao lado de Marcelo Nova. Vidrado no palco, cantando e vibrando a todas as músicas, me emocionando com algumas apresentações fieis às originais, cada canção foi como o veemente energético que me faria ficar acordado e atento a madrugada toda, suportando o friozinho cortante das quatro da manhã, ao som de Mata Virgem e embrenhar-me dia a dentro até o fim da tarde dominical, com o desfecho de Nuit.
Destaco algumas que me emocionaram de forma especial, como Sessão da 10, Super heróis, Eu quero mesmo, Na Ilha da Fantasia, Segredo da Luz, e mais um bocado.
Raul Seixas foi sem dúvida, um dos maiores músicos que esse país teve a honra de ver-se abrilhantar e todos tivemos a certeza irrefutável que sua música transcende, é grande e indiscutivelmente tem a ver sim com a linha evolutiva da música popular brasileira (mesmo que ele batesse o pé fortemente negando). Ouso dizer até que vai além dela. Por ter atitude, por dizer a verdade de forma direta e inteligente, às vezes mordaz. Por influenciar e trazer uma diversidade perfeita de ritmos, nos abrindo assim um leque de sensações, que vão desde o forró, passando pelo iê iê iê, pelo romantismo e sensibilidade, pelo Rock N´ Roll gritado, conceitual. Por ser Raulseixismo, pioneiro, precursor. Ora místico. Ora irreverente. Despojadamente infantil. Contestador!
Sentimento aflorado. O mestre Dom Raulzito teve sua homenagem mais que merecida; a altura, tanto de sua grandeza, quanto da imensidão de nossa Paulicéia Desvairada, que fez jus de forma primorosa a esse doce brinde inteligentemente à cara da metrópole, com trilha sonoro riquíssima, que a cada ato entusiástico decantava o pai do rock nacional.
Agora, não sei dizer se era Raul quem homenageava a imensidão de São Paulo, ou São Paulo quem homenageava a imensidão de Raul. A sensação era antagonicamente de reciprocidade cósmica. Mesmo que parecesse que não haveria mais lugar, ainda tínhamos a velocidade da luz pra alcançar. E alcançamos!!!